
Cegueira ou pura ignorância?
Co-produção entre Brasil, Canadá e Japão, o filme baseado na obra do ganhador do Nobel da Literatura José Saramago, dirigido pelo prestigiado Fernando Meirelles (Cidade de Deus), roteiro de Don Mckellar e com participação do próprio Saramago, pode ser definido como um filme realista e desafiador.
A trama gira em torno de uma epidemia inexplicável que atinge primeiramente um determinado grupo de pessoas interligadas, que são logo confinadas em um claustrofóbico espaço isolado.
A fotografia a cargo de César Charlone é de incrível soberba artística. Os 121 minutos de filme seguem no mesmo tom azulado, às vezes sem foco e em variações que levam ao extremo branco, transpassando “nitidamente” na tela a cegueira dos personagens.
Edição de Daniel Rezende (Tropa de Elite), o filme no início segue um tom frenético, às vezes jogando as cenas sem continuidade para o expectador, mas ao longo adotando um ritmo mais calmo, mas não menos intrigante.
Perfeitos enquadramentos, e muito bem dirigidas e estilizadas cenas externas, Meirelles dirige muito bem este controverso filme.
Mas, em minha opinião, um dos pontos mais fortes do filme fica a cargo de Julianne Moore em sua muito bem estruturada personagem, que literalmente conduz muito bem o filme.
Numa enclausurada sociedade, sua personagem é a única que pode ver e não demora muito para assumir o papel de imaculada “mãe” protetora, capaz de tudo quando se perde a humanidade em meio ao caos instaurado. Até o inexpressivo Mark Ruffallo está convincente no papel do oftalmologista.
O filme em certo ponto levanta as possíveis questões da inexplicável epidemia, mas é nas entrelinhas que encontramos a possível causa, mas lógico, cada um podendo interpretar da sua maneira.
A questão mais interessante é levantada - A cegueira causa o pânico, ou o pânico causa a cegueira?
Passada a tormenta dos personagens, o personagem de Danny Glover é o único contente com seu estado e prefere ficar assim, pela intimidade e ajuda mutua causada em seu pequeno bando sobrevivente.
Num final epifânico, com cenas antológicas de extrema interpretação pessoal, Fernando junta todos os elementos em um filme sujo, instigante, que causa extrema aflição e indignação em certas cenas.
Merecedor de inúmeros debates fica aqui minha opinião – Às vezes devemos fechar nossos olhos e realmente enxergar o mundo lá fora.
Co-produção entre Brasil, Canadá e Japão, o filme baseado na obra do ganhador do Nobel da Literatura José Saramago, dirigido pelo prestigiado Fernando Meirelles (Cidade de Deus), roteiro de Don Mckellar e com participação do próprio Saramago, pode ser definido como um filme realista e desafiador.
A trama gira em torno de uma epidemia inexplicável que atinge primeiramente um determinado grupo de pessoas interligadas, que são logo confinadas em um claustrofóbico espaço isolado.
A fotografia a cargo de César Charlone é de incrível soberba artística. Os 121 minutos de filme seguem no mesmo tom azulado, às vezes sem foco e em variações que levam ao extremo branco, transpassando “nitidamente” na tela a cegueira dos personagens.
Edição de Daniel Rezende (Tropa de Elite), o filme no início segue um tom frenético, às vezes jogando as cenas sem continuidade para o expectador, mas ao longo adotando um ritmo mais calmo, mas não menos intrigante.
Perfeitos enquadramentos, e muito bem dirigidas e estilizadas cenas externas, Meirelles dirige muito bem este controverso filme.
Mas, em minha opinião, um dos pontos mais fortes do filme fica a cargo de Julianne Moore em sua muito bem estruturada personagem, que literalmente conduz muito bem o filme.
Numa enclausurada sociedade, sua personagem é a única que pode ver e não demora muito para assumir o papel de imaculada “mãe” protetora, capaz de tudo quando se perde a humanidade em meio ao caos instaurado. Até o inexpressivo Mark Ruffallo está convincente no papel do oftalmologista.
O filme em certo ponto levanta as possíveis questões da inexplicável epidemia, mas é nas entrelinhas que encontramos a possível causa, mas lógico, cada um podendo interpretar da sua maneira.
A questão mais interessante é levantada - A cegueira causa o pânico, ou o pânico causa a cegueira?
Passada a tormenta dos personagens, o personagem de Danny Glover é o único contente com seu estado e prefere ficar assim, pela intimidade e ajuda mutua causada em seu pequeno bando sobrevivente.
Num final epifânico, com cenas antológicas de extrema interpretação pessoal, Fernando junta todos os elementos em um filme sujo, instigante, que causa extrema aflição e indignação em certas cenas.
Merecedor de inúmeros debates fica aqui minha opinião – Às vezes devemos fechar nossos olhos e realmente enxergar o mundo lá fora.