29 de setembro de 2008

Crítica de... Teatro – Miss Saigon

The American way of life...

Fato totalmente inédito, ontem eu fui ao teatro assistir minha primeira mega produção da Broadway. Como um virgem, estava animadíssimo e nervoso – afinal, era meu primeiro musical. Mas relatos à parte, concentrarei-me no que realmente importa nesse post: a minha primeira crítica de teatro.
Deixando de lado todos os sentimentos e emoções a mil por hora, tentarei aqui escrever minha opinião sobre o espetáculo assistido ontem.

O original inglês de Alain Boubil, que estreou em 1989 na Inglaterra, já rodou o mundo inteiro. A produção de Cameron Mackintosh, produtor da Broadway, foi trazida ao Brasil em 12 de Julho de 2007, e se consagrou um sucesso encenado no Teatro Abril.
A história parte da premissa de um amor impossível vivido em meio da brutal guerra do Vietnã. Kim (Lissah Martins) é uma jovem e sofrida vietnamita que conhece Chris (Nando Prado) um soldado americano e juntos vivem uma breve, porém intensa, paixão.

Analisando separadamente os elementos teatrais desse magnífico espetáculo, podemos ressaltar os magníficos cenários, telões, figurino e coreografias - tudo de um incrível primor e bom gosto.
Nesses aspectos, a produção com certeza não deixa a desejar a peça original, ou aos grandes espetáculos da Broadway.
As atuações e danças de todo elenco de apoio são muito bem desenvolvidas.
Na exibição em que fui, o personagem do engenheiro ficou a cargo do substituto Tiago Abravanel, simplesmente o melhor elemento da peça.
No inicio seu personagem se mostra colorido e cheio de vida, passando por uma fase de desespero e miséria, o personagem é motivado por um sonho apenas: viver o american way of life.
Encenando uma das melhores cenas da peça inteira, “The American Dream”, Tiago Abravanel simplesmente rouba a cena.

A história principal pode ser um pouco repetitiva e às vezes cansativa, vendo nosso herói e heroína cantando exacerbadamente seu repentino e eterno amor um pelo outro.
Desse amor nasce um fruto, e é nesse fruto que a história segue um rumo de esperança para a personagem principal, que tem seu trágico final shakesperiano.
O texto traduzido também pode se tornar maçante em algumas cenas, as piadas às vezes não funcionam, e as gírias simplesmente não encaixam corretamente.

Mas mínimos detalhes de lado, a peça funciona como uma forte crítica social à guerra do Vietnã e ao fato de milhares de vietnamitas serem deixadas para trás com seus filhos bastardos e reputações manchadas, todas em busca de um mesmo sonho, o sonho americano prometido no calor de paixões.

Miss Saigon faz uso de todos os elementos possíveis na medida correta para se firmar como um grande espetáculo. Pirotecnias, efeitos sonoros, trocas surpreendentes de cenário e a magnífica orquestra ao vivo, passam-nos a sensação de estar assistindo um muito bem produzido filme hollywoodiano.
Mas para os “não-entendidos” - leia-se gays e afins - a peça pode se tornar tediosa.

No meu sistema de avaliação e critério, Miss Saigon recebe 04 Putas e Viados!



8 comentários:

° iae Juuuh ° disse...

adorei a critica...
ao mesmo tempo que ela nos da uma noção de como foi o espetaculo, ela nos conta um pouco da história dos personagens.. o que facilita o entendimento. tá de parabéns bee. te amo. beijão.

Anônimo disse...

Absolutely fabulous. Embora teatro não seja minha praia - porque não tem legendas e tal - eu sempre fiquei fascinada pela real proposta do teatro. Os atores têm de ser extremamente centrados e nunca podem deixar que percebam que algo deu errado, e têm de manter a naturalidade durante horas. Como você é um fdp, com certeza deve ter percebido alguns "oops, i fucked up" de alguém.
Crítica interessante.

beijos da puta mor.

Anônimo disse...

É vc soube nos mostrar em palavras a sensação de como foi ter visto essa peça. Deu até vontade de ver,gosto de musicals, ainda mais quando é romance choro do começo ao fim kkkkkkk

Fábio Galdino disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fábio Galdino disse...

Talvez o teatro seja uma grande porta para o cinema. No mundo das publicidades e propagandas é muito interessante a questão cenografica, fotografia e a direção do espetaculo em si. Voce, Caio, analisa td com o coração e passa, a quem lê, a sensação de que se ainda não viu o espetaculo deve correr pro teatro e faze-lo pois pode perder uma grande oportunidade.
Mas do que escrever criticas, vc consegue convencer com o seu bom senso de analise critica teatral.
Como vc mesmo disse, um quase virgem pra grandes produções, mas sinceramente, quando é apertadinho fica muito mais gostoso e é lembrado por muito mais tempo. Talvez eu não concorde com uma coisa ou outra que vc disse. Mas a perfeição está no ato de ter coragem pra escrever sobre algo que grandes criticos ja escreveram.
Parabéns por mais essa critica e espero um dia le-las em grandes meio de comunicação.

Anônimo disse...

Um post feito com a alma!

adorei moxooo!!

fico mto lindo =)

da pra ver que vc amou a peça!

e soube avaliar com cuidado cada detalhe! =D

Super parabéns!

bjaum!! =**

Victor Rodrigues disse...

Parabéns pela crítica, caríssimo!
Gostaria de assistir ao espetáculo tb.
Ah.. eu nao sou "entendido" e já achei a historia fascinante.
basta um pouco de bom gosto pra reconhcer o mérito de uma história
que critica a guerra regada pelo melodrama shakespeariano.
;)

abraço.

Continie escrevendo.

Túlio Fernandes disse...

Gostei da crítica, porém como lí pela primeira vez, tive a sensação de que o espetáculo não é tão bom. O melhor momento da apresentação ficou por conta de um ator substituto. Talvez a estrela dele esteja brilhando, mas se um substituto ganha a cena, talvez a do diretor não.
Outra questão é que em vários momentos senti um certo ar de "coisa monótona" nas entrelinhas, apesar da comparação com filmes hollywoodianos. Porém, é claro que não podemos esquecer que mega produções hollywoodianas também já foram dignas de fracasso.
Por fim, a nota 4 deu a impressão de que o espetáculo não é tão bom mesmo. Como certos "signos" já estão estabelecidos em nossas mentes, geralmente associamos qualquer escala de notas com o famoso "de zero a dez", mas só depois escobri que a escala utilizada pelo digníssimo (rsrs) é de zero a cinco.
Concluindo, apesar da sensação, fico feliz com a crítica pois a sutileza dos detalhes e observações nos desperta a vontade de querer assistí-lo, mesmo que for para chegar à mesma conclusão que cheguei.

Sim, sou viado, sou chato ms sou o que sou. Jamais o que gostariam que eu fosse.

Bjooooooooo