18 de janeiro de 2009

O dia que em que a terra parou


Homens e suas estúpidas armas...

Indagado de ser um dos, se não o mais, inexpressivo ator do cinema atual norte americano, Keanu Reeves disse que não compartilhava da mesma idéia, por isso não podia responder ao jornalista.
Portanto Keanu é o único que não compartilha do mesmo pensamento, e no seu novo filme escolheu o papel perfeito para suas limitações artísticas.

Klaatu, seu personagem, é um alienígena que adquire a forma humana ao chegar à terra para dar um ultimato a toda raça humana – ou os humanos aprender a respeitar o planeta e as espécies que o habitam, ou a raça humana será dizimada da face da terra.

Se Reeves é perfeito para o inexpressivo alienígena, o restante do elenco deixa muito a desejar, esse é o caso de Jennifer Connely, que aqui vive uma cientista especializada em formatos de vidas extraterrestre, que por ventura acaba se tornado o centro da luta contra a extinção humana. Sua personagem acaba criando um vínculo com Klaatu, e por isso ela se torna no final a única esperança da humanidade.
A atriz parece perdida em cena, mal dirigida e aproveitada, se tornando uma personagem fria e rasa.
Podemos interpretar os personagens do filme como catalisadores das emoções e reações generalizadas da raça humana. Jaden Smith, enteado de Connely no filme, reage a Klaatu como qualquer humano apresentado ao desconhecido reagiria – com medo, desconfiança e cego pela ignorância. Sua opinião é de que todos devem ficar e lutar contra o desconhecido, sem abrir chance para o diálogo, mas a partir do momento em que ele é salvo por Klaatu, sua raiva e insegurança são substituídas pela tentativa de tirar proveito das habilidades extraterrestres de Klaatu.
A personagem de Connely funciona como uma provação de que o amor existe nas mais variadas formas possíveis - seu marido morre na guerra e por isso ela passa a criar o enteado com o mesmo amor de uma mãe biológica, provando que os humanos possuem essa habilidade incomparável de amar o próximo, de chorar e se emocionar.
Em minha opinião, a humanidade estaria condenada ao depender desses dois personagens.

Personagens a parte, o filme erra na temática abordada – a preservação do ecossistema, o assunto mais em voga da atualidade. E acaba caindo na mesmice de transpassar uma mensagem de conscientização ao espectador.
Mas acerta em tocar em outros assuntos, como a supremacia americana perante ao mundo, a violência armada dos poderes regentes, a insignificância do ser perante ao desconhecido e as reações e interpretações mundiais de pânico e destruição das populações.

Outra ressalva do filme é o robô alienígena Gort. Criado através de computação gráfica. Ele está maior, mais flexível e bem mais destrutível. Mas mesmo assim ele perde aquela enigmática aura de mistério e ameaça do original de 1950.
No restante o filme funciona, mas lógico sem ser comparado com o clássico de 1950. O remake perde a aura de suspense e mistério do filme original, pelo uso excessivo de efeitos especiais, estes que são um deleite visual, mas que acabam desviando a atenção necessária do filme, que atinge seu ápice em um grande paradoxo – Para salvar o planeta da raça humana é realmente necessário destruir tudo utilizando de uma nuvem de destruição? – Não seria mais fácil apenas introduzir um vírus mortal para a raça humana, ao invés de destruir toda a vida que habita o planeta. Creio que por ser uma raça altamente desenvolvida, que cruza o espaço em velocidades inconcebíveis e detêm tamanha tecnologia e poderes de cura, a forma como destruir a raça humana foi um tanto que estranha.

Dirigido por Scott Derrickson, roteiro de David Scarpa, baseado no original de Edmund H. North (1951), O dia em que a terra parou é um filme mediano, ilógico e de interpretações medianas, que se vale pelas cenas de ação e destruição, que cai no final no seguinte conceito de que – o amor constrói, o amor salva.

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